Nos vários cenários concebidos para a história da Televisão movimentam-se muitos personagens, o que não facilita definir, com exactidão, as suas origens nem conceder-lhe uma irrefutável paternidade. Há, efectivamente, neste meio que se perfila como o mais influente da nossa era electrónica, uma emaranhada “árvore genealógica” internacional, onde se revela muito trabalho de equipa e sobressaem umas quantas pistas demarcadas por uns e prosseguidas por outros.

Sabe-se que foram vários os meios de comunicação que deram sucessivos toques de progresso ao século XIX: a navegação a vapor e o comboio; o telégrafo, o telefone e a rádio. Foi uma fase de intensa democratização da cultura, a par de um nítido evoluir das estruturas sociais, confrontadas com realidades de convívio, pensamento, fala, discussão e escrita. Por seu turno, as aplicações dadas à electricidade foram decisivas no avanço das técnicas da comunicação. O telégrafo aéreo de braços móveis, idealizado pelo abade francês Claude Chappe em 1794 e baseado na transmissão de sinais luminosos codificados visíveis a 12 quilómetros, foi superado pelo telégrafo eléctrico do norte-americano Samuel Morse que, a partir de 1836, ofereceu às comunicações a sua primeira vitória sobre o tempo e o espaço. Quarenta anos depois, Graham Bell transmitia palavras através de fios, por meio de electricidade. Era, na verdade, já não só a era da comunicação mas da telecomunicação que, com o físico alemão Heinrich Hertz, que produziu as primeiras ondas electromagnéticas (1888) e, depois, com o italiano Guglielmo Marconi, que as aplicou para estabelecer comunicações a longa distância, concedeu ao Homem a civilização da palavra. Nos anos intermédios, outros cientistas prestaram contribuições importantes para técnicas afins: Helmhotz, Fedderson e Maxwell, este um teórico do electromagnetismo que, associado à fotografia (oficialmente dada como descoberta em 1826 por Daguerre e Niepce), originou, quase seguramente, a primeira transmissão de imagens à distância – isto é: fazer Televisão. A imagem batia, pois, à porta da sua civilização, tanto mais que o animatógrafo dos irmãos Lumiére (e também de Edison) já a forçavam.