voltar à homepage do site
separadorseparadorseparadorseparadorseparador
 

Início  |  Fimseparador< anterior - Pag.1 / 16 - próxima >separadorir para a pag. 


  • Década de 90
  • RTP: uma antena para o mundo
  • pag1

As emissões regulares da RTP-Internacional iniciaram-se a 10 de Junho de 1992, como que a desmentir cerco imobilismo da atitude empresarial, que vinha sendo de leitura fácil – e generalizada – após os severos golpes que representaram o fim da taxa, a cedência da rede difusora do sinal televisivo e as muitas dúvidas geradas pela ausência de uma definição clara da política das participações financeiras que competiam ao Estado ou o pouco respeitoso cumprimento das decisões pontuais que, sobre a matéria, ele ia tomando.1

Meses antes, em Fevereiro, tomara posse o novo Conselho de Gerência da RTP e o momento foi entendido como o mais apropriado para o secretário de Estado, Marques Mendes, anunciar o arranque do canal internacional da RTP, decisão que correspondia a um dos mais estimados objectivos do Governo e que, unanimemente, foi reconhecido como do maior alcance. “Temos neste plano uma lacuna grave, mas vamos colmatá-la” – disse Marques Mendes. Chegar longe, cada vez mais longe a todo o lado onde se encontrasse a audiência natural da RTP, os portugueses, inscrevia-se, assim, como a nova prioridade do serviço público de Televisão, sendo certo que o projecto já vinha sendo trabalhado por equipas da gestão de Coelho Ribeiro – que o negociaram com a Rádio Marconi, a Teledifusão de Portugal e a Radiotelevisão Comercial –, um Presidente que, no momento de ceder o seu lugar, tinha pelo menos duas boas razões para se mostrar satisfeito: a primeira, essa, a de entregar, convenientemente alinhavado, o muito “trabalho de casa” que possibilitaria fazer entrar “no ar” o 5º canal da RTP; a segunda, o ter conseguido cumprir o mais longo período de actividade de um Presidente da RTP, mesmo considerando os que por ela passaram antes de Abril de 74.

Já lá iremos, à RTP-Internacional. Por agora, refira-se que a posse do Conselho de Gerência – o último da RTP enquanto empresa pública e, embora temporariamente, também o primeiro da RTP sociedade anónima – se realizou na Presidência do Conselho de Ministros, tendo Marques Mendes empossado como Presidente, Augusto Victor Coelho, um magistrado jubilado e que até há um ano ocupara o cargo de presidente do Supremo Tribunal de Justiça:2 Anselmo da Costa Freitas, como vice-presidente (era vogal do anterior Conselho); Alves da Cunha e Fernando Rocha (reconduzidos como vogais); e Carlos Veloso (novo vogal). Como se esperava, o Secretário de Estado não se dispensou de salientar a particular importância que, na altura, pendia sobre o panorama televisivo nacional, marcado – disse – “por dois factos fundamentais: o advento das televisões privadas e o reconhecimento da qualidade da Televisão pública, considerada ao nível das melhores da Europa.” Quanto ao primeiro, Marques Mendes manifestou esperança de que “mais Televisão possa significar melhor Televisão ou Televisão de melhor qualidade”; reportando-se ao segundo facto, considerou que a RTP aproveitara bem os últimos anos para enfrentar a mudança, sendo actualmente “uma empresa moderna e competitiva, dotada de profissionalismo e com elevados padrões de qualidade”, pelo que, certamente, saberia agir no mercado da concorrência, estar à altura dos novos desafios, afirmar-se por si própria – pelos seus méritos e pela qualidade do serviço que presta às populações. ”Augusto Victor Coelho – que ao diário Público3 confessara: “Nunca estive ligado ao mundo da Televisão. O convite que me fizeram foi, para mim, uma surpresa total” – pareceu recomposto do impacto da indigitação e deixou mesmo a ideia de que, desde essa e até á posse, já estudara alguns dossiês da sua nova empresa. Ainda assim não quis ir longe nas análises, limitando-se prever que a RTP pouco ganharia se entrasse na guerra das audiências com as novas estações privadas, devendo aplicar-se, antes sim, no prosseguimento da sua valorização em termos empresariais, “para o que dispõe de quadros competentes e actualizados, e uma situação financeira equilibrada.” Homenageou os trabalhadores da casa, “que exercem as suas funções com brio e dedicação” e rematou: “A Radiotelevisão Portuguesa é uma empresa consolidada e presta um serviço prestigiado.”

menu de artigos

RTP - uma nova "dimensão"


1 “As indemnizações compensatórias atribuídas pelo Estado, na sequência da extinção, em 1990, da taxa de radiotelevisão, foram 5,4 milhões de euros e representaram apenas 13,2% dos proveitos operacionais e 9% dos proveitos totais da RTP” – lê-se no Relatório de Gestão referente ao exercício de 1992, que, em parágrafo Ver maisanterior, esclarecia: “Os proveitos operacionais atingiram o valor de 40,8 milhões e contos, o que significou um crescimento de 21,8% relativamente ao ano anterior. A venda de espaço publicitário originou um proveito líquido de 28,18 milhões de contos, o que representou 69,1% dos proveitos operacionais.” Voltar a fechar

2 Contava, então, 71 anos e, além de longa e assinalável carreira na magistratura judicial, fora, por 5 anos, presidente da Câmara Municipal da Nazaré e, por quase 6 (até ao 25 de Abril de 1974), Subsecretário e Secretário de Estado do Orçamento, em governos de Salazar e Caetano.

3 Edição de 23.1.1992.

diminuir letra aumentar letra Imprimir Enviar

< anterior | próxima >

Footer