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  • Década de 50
  • RTP: Estreia na Feira
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Aproveitando as facilidades concedidas pelo jornal O Século, que no parque de Santa Gertrudes, em Palhavã (onde hoje se encontra a Fundação Calouste Gulbenkian), organizava a Feira Popular de Lisboa, a RTP produz, aí, as suas primeiras emissões de Televisão. Era Setembro e a inauguração programou-se para a noite de 4. “Vai o povo de Lisboa tomar o primeiro contacto com uma das maiores invenções que até hoje o Mundo viu, vai conhecer os recursos de que a RTP dispõe para, daqui a meses, iniciar, de forma definitiva, o serviço público de radiotelevisão. Vai ter um passatempo agradável e inteiramente gratuito; e, como é natural, sentir o desejo de se apetrechar com receptores para o dia, já tão próximo, em que os cinco emissores, em cadeia, levem à maior parte do País, à maior parte da população, um dos grandes benefícios que lhe podiam ser dados: o de conhecer, pela vista e pelo ouvido, tudo o que no Mundo se passa e pode servir para a elevação do seu nível cultural e educacional e para o seu recreio.”1

De um pequeno emissor (0,1 kw) ligado a uma antena alçada em estrutura metálica tubular (50 m. de altura) e de um pequeno edifício pré-fabricado (segundo desenho de Eduardo Anahory), partiram as imagens e os sons pela primeira vez associados sob tecnologia até então desconhecida entre nós.2 Longilíneo, o pré-fabricado foi concebido para funcionar como cérebro de todo o sistema. Era constituído por três corpos que albergavam, de um lado, emissor, telecinemas, controles de estúdio e emissão; do outro, camarins para artistas, sala de caracterização e um pequeno escritório; ao centro, no corpo principal, o estúdio, de paredes parcialmente rasgadas por vidraças. Uma zona exterior, envolvente, foi aproveitada para expor, em painéis sugestivos, material de propaganda: maquetes dos edifícios-emissores projectados, fotografias de futuras torres-antenas, mapas indicando as zonas do País a abranger pela TV na sua primeira fase. O público, interessado em observar o trabalho no interior do estúdio e nas dependências técnicas, era encaminhado por um passadiço, em rampa, até às montras. Para lá delas, oferecia-se, sem praticamente nada esconder, um panorama novo – esse em que homens e máquinas se completavam na sua tarefa de “fazer TV”. Uma janela rasgada para um mundo diferente. Uma janela a que, para perscrutar esse mundo diferente, assomariam milhares de pessoas, sugestionadas por todo um aparato que era preciso ver para depois contar como era. No centro da zona exterior delimitou-se uma esplanada, com receptores de TV expostos nos locais de melhor visão, e onde, algumas vezes, viriam a realizar-se espectáculos musicais, a cargo de pequenas orquestras, ranchos folclóricos, etc. O estúdio “transbordava” para a rua. As câmaras passeavam pelo meio do público, que, sendo espectador, era, também, participante.

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Jornal "O Século", 4 de Setembro de 1956


1 O Século, 27.8.1956. A decisão de se efectuar a “experimentação”, fora tomada pelo Conselho de Administração da RTP na sua reunião de 16.5.1956. É pela respectiva acta que se sabe que “no caso de falharem as diligências para a Feira Popular, se deverá, então, tentar fazer as demonstrações no Ver maisedifício do cine-teatro Monumental, no Saldanha.” Voltar a fechar

2 A cidade do Porto – onde, recorda-se, nasceu o cinema português (Invicta Film, Lda.) – também reivindica a primeira emissão de Televisão que se fez entre nós. Com efeito, a 18 de Julho de 1955, no pavilhão das indústrias alemãs, instalado na Feira Popular do Porto, decorreram sessões experimentais Ver maisde TV – só que em circuito fechado. O facto é assim relatado por Jornal do Dia, uma realização de Pedro Foyos para a “Auto-Industrial, SARL” - 1970: “No decurso da primeira sessão, os receptores reproduziram, com pleno êxito, a exibição do Rancho Infantil de Matosinhos-Leça, efectuada no jardim, junto da entrada principal do antigo Palácio de Cristal. Posteriormente, fez-se uma demonstração pública, também revestida de grande êxito, com números executados pelo palhaço portuense Vilar e sua ‘trupe’ e, mais tarde, exibiu-se o Grupo Folclórico do Douro Litoral que, recentemente, conquistou um honroso segundo prémio em Inglaterra, tendo estas exibições provocado uma excepcional afluência de público ao pavilhão, o qual se tornou pequeno para satisfazer a curiosidade despertada pela Televisão. É de salientar que imensa quantidade de pessoas, desejosa de ver este maravilhoso invento do nosso século, viram malogrados os seus intentos, pela absoluta falta de espaço verificada no local, durante as demonstrações. Estas foram improvisadas nos estúdios do lindo jardim principal da Feira, onde se montaram a câmara de tomada de vistas e restante aparelhagem de som. Para o transporte da imagem e do som utilizaram-se linhas especiais, sendo de cabo coaxial a linha de imagem. É curioso registar a excelente qualidade da imagem, extremamente nítida, circunstância que deu origem a satisfatórias comparações em relação ao que se observa no estrangeiro. O técnico responsável é o sr. engº Vasconcelos e Sá, que tem tido como colaboradores os srs. António de Oliveira (operador de imagem), Artur Mota (registo de som) e Alfredo Soares e Edmundo Nogueira (assistentes); a locução tem estado a cargo do sr. Eugénio Alcoforado, conhecido locutor portuense.” Voltar a fechar

Já agora, que não fique ignorado que foi em território dos Açores, na ilha Terceira e, aí, concretamente, na base aérea das Lajes, que a TV foi introduzida em Portugal. Só que pelos americanos e para exclusivo entretenimento dos elementos da força aérea e seus familiares. Como se sabe, Ver maisnos últimos anos da 2ª Guerra Mundial, e por concessão do Governo português, uma base aérea foi estabelecida nas Lajes. Voltar a fechar

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