O caminho que levaria à concretização do projecto “uma Televisão para os Portugueses” começou a ser percorrido na década de 50, quando se contavam pelo dedos os países europeus que ainda não dispunham de emissões regulares de TV. A história de como se evoluiu, desde os estudos de gabinete até à implantação, no terreno, da primeira torre portadora das imagens e dos sons, essa é a história que aqui se começa a contar, mas só depois de um passo atrás, aos anos 20, para evocar um episódio protagonizado por um grupo de futuros engenheiros, radioamadores, de Lisboa. Interessado pelas experiências que Baird realizava, por essa altura, em Inglaterra, o grupo construiu um disco de Nipkow “e julga ter conseguido ver então umas fugazes imagens animadas, direi melhor, silhuetas, que se mantinham apenas durante alguns instantes, pois o sincronismo das imagens não conseguia manter-se.”¹

Passados anos sobre a experiência que, tudo leva a crer, tenha fornecido as primeiras imagens animadas transmitidas pela rádio que se viram em Portugal, o precursor da radiodifusão nacional, Abílio Nunes dos Santos, nas vésperas de encerrar o seu CT1AA,² pensava em montar uma estação de Televisão. Mas breve desistia, alegando: “A Televisão, é, por enquanto (1937), impraticável para um posto amador. Os conhecimentos técnicos que exige são de tal forma complicados e demandam uma tal soma de capitais para serem postos em prática que pus de parte, absolutamente, essa ideia.”³