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  • Década de 50
  • RTP/Lumiar: as experiências continuam
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Embora nem tudo se passasse com a rapidez desejada pelos responsáveis da RTP (desde logo, falhara-se a previsão de Novembro), a verdade é que, a 3 de Dezembro, foi possível iniciar uma nova série de emissões-piloto para a área da capital – sequência que se manteria, sem interrupções significativas e praticamente com o mesmo figurino, até ao início dos serviços regulares, em Março de 1957. É assunto para ser falado mais adiante, já que o último trimestre de 1956 decorria sob um signo prioritário: o da execução do plano traçado para a primeira fase de cobertura do território metropolitano. Edifícios e material técnico para equipamento do Centro de Produção de Lisboa e dos 5 emissores foram objecto de muito estudo e provocaram negociações de vária ordem.

A rápida chegada a Lisboa do pequeno emissor encomendado à Siemens-Halske para o centro emissor do Montejunto (potência aparente radiada de 1 kw na imagem e de 0,2 kw no som) permitiu que se considerasse a sua provisória instalação nas cercanias da capital, na sala dos geradores de emergência da Central Transmissora Naval de Monsanto, como já se referiu. Além de um técnico da Siemens, participaram na montagem deste equipamento, dois funcionários da RTP: o então assistente radiotécnico Armando Rainha e o radiomontador António da Silva Grade. Foi assim possível recomeçar o novo ciclo de emissões de ensaio, abrangendo, em regulares condições de visibilidade e audição, quase toda a área da cidade de Lisboa e parte dos seus arredores. Alcançaram-se locais que as emissões da Feira não tinham beneficiado e melhorou-se, de forma notória, a qualidade de recepção do sinal.

Entretanto, em Outubro, a RTP iniciara a adaptação às suas conveniências de serviço de um antigo estúdio cinematográfico, desactivado e implantado em terrenos marginais à Alameda das Linhas de Torres, ao Lumiar. Aí haviam tido efémera existência duas empresas de produção: a Cinanfa e a Cinelândia.1 Tratava-se, pois, de infra-estrutura mais fácil de adaptar do que qualquer outra. O processo nem sequer era novo – a maior parte das televisões europeias procederam de modo idêntico, quando começaram. A adaptação foi sumária, inicialmente. Novos edifícios, construíram-se poucos; o que mais se fez foi melhorar os existentes, sem outras preocupações que não fossem as de os tornar medianamente funcionais, uma vez que se pensava vir a ser breve a permanência no local. Falava-se já, com alguma insistência, na edificação de estúdios próprios, na zona das Amoreiras - Monsanto, mais precisamente à ilharga da auto-estrada para o Jamor, ao lado do Liceu Francês. A verdade, porém, é que o tempo se encarregaria de esfumar essa ideia, como várias outras que vieram a seguir. A RTP continuou firme e teimosamente ancorada ao seu passado e persistiu na utilização das mais que precárias instalações do Lumiar, é certo que, entretanto (e mal seria que assim não fosse), muito beneficiadas em relação ao que eram no final de 1956 – com áreas praticamente irreconhecíveis – mas, ainda assim, longe, muito longe, de corresponderem às necessidades da Televisão. Só 5 décadas depois se viriam a apresentar à RTP condições propícias para a desactivação do complexo produtor do Lumiar. Mas esta é uma história para contar mais tarde. No termo dos anos 50 a única história que fazia algum sentido era a que decorria da necessidade de pôr de pé, e naquele local, uma estação de TV.

E foi assim, no dia-a-dia, durante longas dezenas de anos, que a vida da RTP/Lumiar (e tempo houve em que não havia outra) se cumpriu naquele quadrilátero de terreno a que se chegava por uma rampa (demasiado íngreme para quem subia, demasiado deslizante para quem descia) e onde – acreditem – até já existiram espaços verdes, pequenos, mas havia, com figueiras a darem bons frutos, pelo Verão, e algumas outras espécies arbóreas de identidade desconhecida a projectarem sombra repousante sobre os passantes de ocasião, muito poucos, ainda, na altura. Certo é que, no meio das figueiras, quando para lá se foi dar nova vida ao espaço entretanto caído no silencio e na degradação, ainda estava de pé a forca – a do “Cerro” que aí se filmara uns 3 anos antes. Resistiu bravamente ao tempo, durante muito tempo... Bem por cima dessa memória seria construído, mais tarde, um novo estúdio, sempre na tentativa de se encontrar, pelo aproveitamento máximo dos espaços – na verdade muito reduzidos e precários – melhores possibilidades de resposta às exigências da produção.

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Os estúdios do Lumiar, ao cimo da rampa...

O pátio, centro geográfico do complexo de estúdios. Ao fundo, entrada para o estúdio A


1 Apesar da descontinuidade de produção, realizaram-se, ainda assim, neste estúdio, filmes como “A Morgadinha dos Canaviais”, “Chaimite” e “O Cerro dos Enforcados”. Depois dos vizinhos estúdios da Tóbis e da Lisboa Filmes, este conseguiu ser aquele onde os profissionais do cinema português encontraram mais dilatados períodos de trabalho.

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