- Década de 80
- Grandes projectos, novos desafios
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O início do Ano Europeu do Cinema e da Televisão57 foi simbolicamente assinalado pela RTP, a 21 de Março, com a exibição do filme “Um Adeus Português”, de João Botelho. Quinze dias depois, “Cinemadois” apresentava “Repórter X”, de José Nascimento, assim se confirmando o propósito de dar lugar de honra ao nosso cinema na programação de ambos os canais. Em Portugal, as comemorações previam algumas manifestações visando divulgar a produção nacional no domínio do audiovisual, estando, entre elas, a elaboração de 4 programas sobre a história do cinema português e a apresentação (que se fez no Verão de 88) de uma retrospectiva histórica da cinematografia nacional, ambas da responsabilidade da RTP e da Cinemateca. Mas foi também no estrangeiro que a cinematografia portuguesa recebeu algumas consagrações dignas de nota, no âmbito do Ano Europeu. A maior delas foi no 24º Festival de Pesaro (Itália) onde o nosso cinema teve a sua mais dilatada retrospectiva de sempre. Diariamente, foram aí visionados filmes e documentários encomendados pela RTP a cineastas portugueses após o 25 de Abril de 74. A organização do Festival tomou ela própria a decisão de inaugurar a mostra, de reconhecido prestígio internacional, com a projecção do filme de Paulo Rocha sobre Amadeo de Souza Cardoso, realizado ao abrigo do protocolo RTP-SEC. A presença da TV portuguesa em todos estes filmes e a sua política de colaboração com o cinema, mereceram invulgar destaque na imprensa italiana.
A RTP integrou – e bem – no Ano Europeu do Cinema e da Televisão, a magnífica exposição com que fechou as comemorações das suas 3 décadas de emissões regulares. Chamou-lhe, naturalmente, “30 Anos RTP” e quem a organizou58 preocupou-se com que ficasse bem contada a história de como e porque se começou a fazer Televisão em Portugal, como se foi consolidando o empreendimento, como se chegava ao fim da década de 80 com olhos que, embora firmados no futuro, não descuravam as realidades que emergiam, os desafios que se perfilavam a curto prazo e que – não era difícil de prever – iriam modificar radicalmente o panorama televisivo nacional, confrontando-o também com concorrências vindas de longe, apoiadas em tecnologias cada vez mais perfeitas e a cujo acompanhamento (e envolvimento) nenhum operador se podia furtar. A exposição “30 Anos RTP”, para além das peças museológicas (as primeiras câmaras cinematográficas e as de captação em vídeo, as câmaras electrónicas de estúdio, os equipamentos de iluminação, os telecinemas, os gravadores, os receptores, etc.), constituiu-se, também, como uma referência viva ás três décadas da TV em Portugal – pela documentação escrita, pela fotografia, pelo audiovisual. Inaugurada no Palácio Foz, em Lisboa (23 de Fevereiro), pelo Presidente da República, a exposição foi depois levada ao Porto (um carro de exteriores de 1957, recuperado pelo respectivo Centro de Produção, foi o aliciante que Lisboa não teve), Viseu, Vila Real, Coimbra, Évora, Faro, Funchal e Ponta Delgada, cidades que igualmente acolheram a mostra com muito interesse popular, tornado ainda mais evidente sempre que foi possível realizar, à vista de todos, programas em directo ou para gravar, a partir de pequenos estúdios montados em paralelo, justamente para que os visitantes (que acabariam por ser da ordem dos cento e vinte mil) também se confrontassem com homens e máquinas em movimento criativo e não só com painéis fotográficos, textos e vídeos que documentavam os momentos mais significativos da vida da RTP – muitos deles, a maior parte deles, também do próprio País. Era pois um toque do presente num universo de recordações, algumas já com direito ao seu bolor.

Capa da brochura distribuida aos visitantes da Exposição "30 Anos RTP"
O Presidente da República, Mário Soares, na inauguração da Exposição "30 Anos RTP", no Palácio Foz, em Lisboa
A par das gravações em filme e em vídeo, as fotografias (bem como os textos que as complementavam) permitiam seguir a evolução histórica da RTP
57 Simone Veil presidiu ao comité director, a nível europeu; António Brás Teixeira presidiu à comissão portuguesa para as comemorações, de que fizeram também parte: Luís Mergulhão, Luís de Pina, Fernando Lopes, João Bénard da Costa, Fernando Fernandes, António Pedro de Vasconcelos, José Manuel Castello Lopes e Jaime Campos.
58 Direcção dos Arquivos Audiovisuais e Documentação (director Fialho de Oliveira) através do respectivo núcleo de Museu e Arquivo Histórico (responsável, Luís Santana, coadjuvado por Carlos Mourisca); coordenação e “design”: Marcello de Moraes e Luís Filipe Alves; consultores: Vasco Hogan Teves e Manuel Pina Cabral.
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